sábado, 28 de julho de 2012

TERMO DE DEPOIMENTO

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Município de Juazeiro do Norte
TERMO DE DEPOIMENTO
DEPOENTE: Pedro Andrade
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No dia 06 de junho de 2011 compareceu nesta procuradoria da República Pedro Andrade, acima qualificado, e ao que lhe foi perguntado acerca dos fatos investigados no Procedimento Administrativo nº 1.15.000.000674/2011-97, prestou os esclarecimentos abaixo transcritos, sendo-lhe advertido da obrigatoriedade de responder a verdade sobre o que souber e lhe for perguntado: Que o depoente é servidor público, X, X, Que o depoente é filho de remanescentes da Comunidade do Caldeirão, na qual residiam seus avós, mãe e tios, sendo ao todo 37 (trinta e sete)  pessoas da família do depoente; Que o depoente ainda tem vários parentes vivos, como tios, sendo sua mãe já falecida; Que o depoente é estudioso sobre o Massacre do Caldeirão, já tendo realizado diversas exposições de fotografias e palestras sobre o assunto; Que ao que é do seu conhecimento, a partir de entrevistas realizadas pelo depoente, os corpos das vítimas foram carbonizados, e posteriormente não sabe se foram enterrados; Que acredita ser possível precisar o local onde os corpos foram queimados, mas não sabe se no mesmo lugar os corpos foram enterrados; Que o depoente acredita que seu tio, Sr. Pedro Alexandrino Neto, o qual testemunhou o fato, pode prestar informações mais detalhadas sobre o local da ocorrência; Que o depoente acredita haver grande interesse histórico na conservação da memória dos fatos relacionados ao Massacre do Caldeirão; Que não tem mais nada a acrescentar. DEPOIMENTO ENCERRADO.

Caldeirão, suor e lágrimas

Após a morte do padre Cicero em 1934, os salesianos, herdeiros testamentais do santo padre, reivindicaram a posse de seus bens. Neles, incluíam-se as terras do sítio Caldeirão, localizado na cidade do Crato, onde estabelecia residência o beato José Lourenço e a Irmandade da Santa Cruz do Deserto. O lugar, uma terra fértil com seus caldeirões de pedra que em época de chuva ficam cheios de água, melhorando a condição para se trabalhar a terra. Apesar das maravilhas do lugar e do sistema comunista implantado na comunidade, alguns remanescentes falam de dissabores da experiência vivida e do beato José Lourenço. Para alguns, o beato era um explorador da boa fé do povo. Contava com Severino Tavares, propagandista, que saía pelo Nordeste deste país anunciando o fim do mundo e conclamando o povo para irem ao Caldeirão. Pedro Alexandrino Neto (meu tio) declara que nunca gostou do beato Zé Lourenço: "primeiro porque seu pai, Pedro José de Oliveira, vendeu as terras no Rio Grande do Norte e o gado, entregando todo o dinheiro nas mãos do beato, segundo, pelo passadio no Caldeirão, lá ninguém tinha nada, o povo comia de ração. Todo dia tinha que ir buscar a quantidade de comida para sua família. Terceiro, as crianças não podiam brincar, eu e os outros meninos. Vi muita coisa errada no Caldeirão, nunca entendi porque os homens puxavam a manjarra para moer cana se havia bois que podiam fazer o serviço. A rapadura produzida ninguém sabia para onde ia, lá era proibido comer doce. Ainda hoje visito o túmulo do beato no cemitério do Socorro, todo dia vinte, não por causa dele, mas por consideração as imagens dos santos que lá estão." João de Deus Andrade, em correspondência enviada do Rio de Janeiro em 23 de outubro de 1981, afirma: "Todo sistema de fanatismo é prejudicial, podemos ter a nossa crença, a nossa fé, sem nos entregarmos de corpo e alma ao capricho do fanatismo que sempre descamba para o prejuízo. Foi o que aconteceu com a nossa família". Os homens, em seus depoimentos têm uma visão realista e crítica dos fatos. Enquanto as mulheres são defensoras fervorosas. Algumas declaram ter sido a maior experiência de suas vidas e lembram com paixão das procissões, dos cânticos, etc. Talvez porque as mulheres vivessem mais a vida do lar, enquanto que os homens tivessem noite e dia para atender ao chamado do padrinho José Lourenço. PEDRO ANDRADE, JORNAL DO CARIRI, OPINIÃO, 18 DE JUNHO DE 2003.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Beato José Lourenço e a Santa Cruz do Deserto



Inspirado em Santo Inácio de Loyola, o Beato José Lourenço utilizava a cruz de fitas nas procissões e penitencias

terça-feira, 29 de maio de 2012

Eventos Tradicionais


Fevereiro: Missa do Beato (Igreja do Socorro JN)
Julho: Caminhada ao santo sepulcro (Horto)
Agosto: Renovação do Sagrado Coração de Jesus
Setembro: Romaria ao Caldeirão Crato
Dezembro: Natal da Solidariedade

ONG Beato José Lourenço
Organização Pedro Andrade,
Filho de Remanescentes

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Caldeirão do Beato José Lourenço

A Comunidade do Sítio Caldeirão no município do Crato, denominava-se de Irmandade da Santa Cruz do Deserto, tendo como líder José Lourenço Gomes da Silva, conhecido como o beato José Lourenço, nascido em 22/01/1872 - Pilões de Dentro - PB, falecido em 12/02/1946 Exu - PE. O beato está sepultado em Juazeiro do Norte no cemitério da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.O Caldeirão, do ano de 1926 a 1936 acolheu muita famílias, algumas abastadas que doavam suas fortunas para a Irmandade e passavam a viverem numa sociedade igualitária. O Caldeirão também salvou muita gente da fome que assolava o Nordeste. O exemplo tornou-se uma ameaça para o sistema e após a morte do padre Cícero em 1934 os herdeiros do santo padre reivindicam a posse das terras do Caldeirão. As elites somam forças para a destruição do lugar. Em maio de 1937 a polícia ataca a comunidade onde cerca de mil pessoas morreram, entre elas: homens, mulheres, crianças e alguns soldados.